O conto da MARIA ATRIZ


 MARIA ATRIZ

Maria Eduarda era uma mulher linda, não era alta, cabelos ondulados pretos, desgrenhados, 1,60 de altura, olhos castanhos escuros, 29 anos, seios médios. Maria tinha o sonho de se tornar atriz, fazia aulas de teatro e, para pagar essas aulas, trabalhava como garçonete de um estabelecimento para maiores. Seu uniforme de trabalho era basicamente um maiô preto, com sapatos de salto alto pretos, meia-calça preta transparente ou de rendinha. No maiô havia um rabinho de coelho um pouco acima do bumbum. Ela também usava uma gravatinha que ia somente até o meio dos seios e uma tiara de coelhinha, com uma das orelhinhas caídas. Sua melhor amiga e colega de quarto era Anita Ruiz. Anita era o total oposto de Maria, pois Anita era alta, cabelos longos pintados de vermelho, olhos verdes, 1,88 de altura e era mais extrovertida. As duas dividiam o aluguel de um pequeno apartamento de um quarto, em um lugar totalmente decadente, tudo caía aos pedaços.



  • Detesto sextas-feiras, sempre lugar lotado e pessoas sem noção. - Disse Maria.

  • Sexta é dia de promoção, tudo mais barato, e ainda temos que dividir tudo com garotas de programa. E estou seriamente pensando em começar com isso. - Disse Anita.

  • Você está brincando, né?

  • O aluguel vai aumentar e precisamos pagar, não estou vendo outra alternativa, ou então virar atriz pornô mesmo, eu não me importo.

  • Credo, Ani, eu ainda tenho fé que minha carreira de atriz vai dar fruto algum dia, vamos sair daqui e ir para um lugar melhor.

  • Certo, garotas, acabem de se vestir e passar a maquiagem, casa lotada hoje. - Disse Leandro, o dono do lugar.



Acabaram de se vestir e de se maquiar, foram para o salão do lugar, era um lugar grande, com várias cadeiras, uma grande passarela para as modelos dançarem e tirarem a roupa, havia um segundo andar que era a área VIP, e era dividida em várias pequenas salas, e havia também o subsolo, onde lá acontecia de tudo que era ilegal, drogas, prostituição etc. Maria não gostava de atender no subsolo, mas às vezes era obrigada a ir lá. O lado bom é que lá pagavam a mais, o lado ruim é que não tinha muita segurança lá embaixo.

A sexta-feira foi bastante agitada e longa, Maria e Anita voltaram para casa já era quase de manhã. Acordaram tarde naquele dia, às 14:00.



  • Ani, você podia parar com essa mania de ver se tem correspondência nua, né?

  • Qual é o problema? Moramos no último andar, ninguém vai me ver. Quem pode me ver seria o senhorio, aquele perdedor, nem saberia o que fazer com uma mulher nua, e podia me aproveitar e ver se aquele verme não sobre o aluguel.

  • Você faria...

  • Com ele, nunca. - Disse Anita, rindo muito alto. - Se fizéssemos, acho que ele nem saberia o que estaria acontecendo. Olha, acho que chegou um teste para você.

  • Um teste?

  • Diz aqui, teatro Monarch. Não tinham fechado?

  • Sim, há muitos anos, vai ver vão reabrir.



Na carta dizia:

Cara Maria Eduarda,

Vamos filmar uma peça no antigo teatro Monarch, que agora será um cinema/teatro. Seu nome foi o primeiro da lista de jovens atrizes que apareceu em nossas pesquisas. Se quiser o papel, vá até o teatro às 0:00 no domingo para conversarmos.



  • Você não está pensando em ir, né, amiga? Domingo, meia-noite, naquele lugar sinistro.

  • Eu sei me cuidar, e outra, trabalhamos no Red House, um lugar conhecido, ninguém pode mexer com a gente, pelo menos ninguém sensato mexe, eu sei me cuidar, sempre levo meu taser, minha arma e minha faca na bolsa, não posso não ir.

  • Cuidado, domingo tenho que visitar meu irmão no manicômio, não posso ir com você.

  • Fica tranquila, nada de ruim vai acontecer.



Sábado foi uma noite estressante, principalmente para Maria, que estava ansiosa para ir à tal audição no domingo.

Para sorte de Maria, domingo foi um dia sem movimento, foi tão sem movimento que fecharam mais cedo, até o subsolo estava vazio, e ela estava feliz, pois não teve que descer uma vez sequer. Perto de meia-noite, pegou um ônibus lotado, mas quando chegou no seu destino, o ônibus estava vazio. Teve um trecho que aproveitou para ir sentada, já que o ônibus estava esvaziando aos poucos. Andou por becos escuros e fedorentos, lugares perigosos, até chegar ao tal teatro. Quando chegou lá, tudo parecia ainda abandonado, havia tábuas nas portas, com algumas pequenas frestas que durante o dia podia-se ver dentro do lugar, como estava tarde da noite, tudo estava escuro. Maria decidiu dar a volta no lugar, até que achou a porta dos fundos aberta, tomou coragem e entrou. Ela andou por um pequeno corredor escuro e estreito, abriu outra porta e se viu do lado de trás das cadeiras, eram dez fileiras cheias de cadeiras, todas caindo aos pedaços, andando devagar até o palco e gritando, “Olá, tem alguém aqui?”, ela foi bem devagar e com uma mão dentro da bolsa, segurando sua pistola, quando chegou perto do palco, duas luzes se acenderam, iluminando o centro do palco, mostrando somente duas cadeiras. Maria tomou um susto, quis gritar mas se conteve, e de trás do palco, um homem saiu, um homem alto, careca, musculoso, tatuado, usando somente uma calça preta.



  • Boa noite, senhorita...

  • Maria, Maria Eduarda, recebi essa carta que...

  • Sim, sim, Maria Eduarda, a estrela do filme. - Estendendo a mão para ela, ele a ajudou a subir no palco e ela se sentou em uma cadeira, e ele na cadeira junto dela.

  • Filme, estrela?

  • Me chamo Ricardo Ericsson, e quero revitalizar esse lugar. Procurei por várias atrizes e seu nome surgiu no meu computador como a melhor atriz para me ajudar.

  • Olha, eu sou atriz, mas nunca fiz nada grande, fiz um comercial de botas uma vez, mas é claro que o foco foram meus pés, cobertos, né.

  • Não se preocupe, com esse rosto lindo, corpo maravilhoso, você será a estrela do meu filme. Atrás dessa grande cortina há uma tela de cinema, velha e rasgada, mas é claro que vou substituir. Então, quer ser minha estrela?

  • O filme é sobre o quê?

  • Sobre uma menina que vira uma grande mulher e sua vida muda ao conseguir realizar seu grande sonho.

  • Parece o filme sobre a minha vida.

  • Então é perfeito, só preciso que assine esse contrato, daí te passo o script, e podemos ensaiar uma cena, o que acha?

  • Claro!



Então, estendendo para Maria o contrato e uma caneta, ela simplesmente assinou. Os dois se levantaram ele chutou sua cadeira e a cadeira dela simplesmete se arrastou para a escuridão, então uma música macabra começou a tocar, Maria parecia hipnotizada, os dois começaram a dançar no palco, algumas figuras vestindo preto começaram a dançar em volta deles, parecia que Maria sabia a coreografia da música, eles dançavam ao som da mísica enquanto as figuras de preto dançavam em volta tentando tirá-la de perto dele, mas teve uma hora que a música atingiu um clímax dramático, e os dois se encontraram no meio no do palco, tudo ficou escuro por uns instantes, então uma luz azul desceu em direção a eles, e ele a beijou, ela retribuiu o beijo, ele começou a despi-la, e ela somente abriu os braços, deixando ele fazer o que ele quisesse com ela. A música começou a tocar algo mais sexy, ela então, já nua, começou a dançar em volta dele, e ela então tirou suas calças, e a dança virou um sexo selvagem em cima do palco, ela gemendo cada vez mais alto, fizeram em todas as posições, de quatro, um 69, até que chegaram ao clímax, gozaram juntos, quando ela pôs suas mãos para cima e começou a se acariciar e rebolando em cima dele bem devagar, houve aplausos, e de repente tudo ficou escuro.

No dia seguinte, Anita chegou em casa pela manhã bem cedo e viu a amiga dormindo no seu sofá, nua. “A noite deve ter sido exaustiva pra ela não ter ido pra cama”, pensou. Anita abriu a geladeira e, quando fechou, levou um susto, pois Maria estava ao lado parada.



  • Que susto, Maria. Então, como foi lá?

  • Foi bom, cheguei em casa tarde, quase de manhã, aproveitei que você não dorme aqui aos domingos.

  • Pode dormir no meu sofá, é claro, a noite foi boa, tá falando de um jeito estranho e dormiu nua, coisa que você não faz, então só acho que saiu para beber e bebeu todas ontem de noite, né?

  • Não, para falar a verdade, não lembro muito, só cheguei tarde e capotei. Hoje devo chegar tarde também, vou lá para ensaiar de novo.

  • Tudo bem, quer que eu durma na sua cama?

  • Acho que não vai precisar.



Passaram o dia conversando, Maria sempre dizia que não lembrava de nada do que tinha acontecido, só tinha uns flashes, então tinha certeza de que tinha ido ao teatro e à audição.

Anita estava achando o comportamento da amiga muito estranho, Maria era sempre reservada, não usava linguagem com gírias, não falava arrastado e sem expressão, mas achava que tudo aquilo não passava de estresse e cansaço, então resolveu deixar pra lá, achou que se a amiga descansasse bem, voltaria ao normal.

De noite, no trabalho, Anita notou outro comportamento estranho de Maria. Primeiro notou que ela não colocou a meia-calça, vestiu o maiô preto direto, e deixou um pouco de lado na região da virilha, cortou um pouco do decote para acentuar mais os seios, e fez um fio dental no bumbum para ficar mais atrevida. Anita achou tudo muito estranho, mas resolveu não falar nada. “Deve ter conseguido o papel que tanto queria, deve sair daqui logo, mas o outro pagamento deve demorar para sair, então para se assegurar tem que tirar a mais aqui”, pensou.

Maria passou a maior parte do tempo no subsolo naquela noite. Anita sabia que nessa noite Maria tiraria bem, pois lá embaixo cem por cento das gorjetas eram para as mulheres, e eram boas gorjetas. Perto da meia-noite, Maria saiu às pressas e disse a Anita que não esperasse por ela, pois iria ao teatro ensaiar e que chegaria bem tarde. Anita só disse um seco “OK” e foi para casa.

No teatro foi a mesma coisa da noite anterior, Maria entrou pelos fundos, deixou suas coisas no camarim e foi direto para o palco onde Ricardo a esperava.



  • Boa noite, minha estrela. - Disse Ricardo com uma voz alta, porém suave.

  • Boa noite, Ricardo. Vamos ao ensaio?



Ricardo estava somente uando uma sunga preta, ele estralou os dedos e o teatro todo pareceu ganhar vida, muitos vultos em volta deles, alguns com asas de anjo e outros com asas de demônios, todos dançam ao som da música macabra, enquanto dançavam em volta dela, estavam lentamente tirando a roupa dela, as vezes estavam abraçando-a, enquanto em volta dele, eles arrancaram a sunga e lentamente foram empurrando ela em direção a ele, quando ela chegou perto, ela se ajoelhou, olhou para cima, bem nos olhos dele, ela agora tinha olhos amarelos com o contorno vermelho e um ponto preto, bem no meio, então ela voltou a olhar para baixo e começou uma sessão de sexo oral nele, demorou um pouco, mas ele a pegou pelos ombros, levantou-a e a abraçou, então os dois começaram a levitar pelo palco, então ela colocou suas pernas em volta da cintura dele e em pleno ar começaram uma sessão de sexo, mesmo com a música dava pra ouvir ela gemer alto, parecia que os gemidos dela faziam parte da música, os dois no ar, e os vultos com asas no palco abaixo começaram um grande orgia, quando ele gozou eles baixaram, ele abriu as pernas dela e então começou um sexo oral vindo dele, tudo o que fazia os vultos faziam ao redor, quando ela gozou ela deu um berro, um gemido muito alto, ela colocou as mãos no rosto por alguns segundos, quando tirou, viu que estava sozinha, se vestiu e voltou pra casa.

Chegando em casa, tirou a roupa e se atirou em Anita, que no primeiro momento acordou assustada, mas com a mão de Maria em seu seio, a outra no seu joelho e a língua quente em sua vagina, não esboçou mais reação, deixou rolar, as duas transaram até o nascer do sol, assim que o primeiro raio de sol tocou Maria, ela apagou, Anita não tinha entendido nada, mas achou tudo muito gostoso. Maria acordou horas depois.



  • Boa tarde, majestade. - Disse Anita, brincando.

  • Boa tarde, amiga. - Disse Maria num tom quase morto e sem expressão.

  • O que deu em você?

  • Nada, eu só cansei de me segurar para a vida.

  • Olha, o sexo foi bom, mas você está diferente, está, sei lá, parece um robô no modo automático, sem vida, sei lá.

  • Só estou cansada, mas ao mesmo tempo feliz, vou poder nos tirar dessa espelunca de lugar, assim que o filme estiver pronto, você vai na estreia, né?

  • Claro que sim. Minha amiga é uma grande atriz, estou orgulhosa.

  • Obrigada.



Durante a semana, Anita notou que Maria estava ficando cada vez mais ausente e mais agressiva, tanto no trabalho, como no modo de agir, de se vestir. Notou que a amiga estava cada dia mais sem vida.

Um dia depois do trabalho, Anita decidiu seguir Maria até o antigo teatro. Chegando lá, ela se escondeu na fileira do meio e começou a ver algo estranho. Na visão de Anita, Maria conversava sozinha, mas ouvia uma voz torpe no ar. Ela ficou assustada, mas não esboçou reação. Então, ela viu que Maria começou a dançar com uma câmera filmando tudo. O que a assustou além da conta foram as luzes que começaram a ligar e apagar sozinhas. Na visão de Maria, era a mesma coisa de sempre: dançarinos e Ricardo. Quando Maria começou a tirar a roupa e se masturbar, Anita correu até o palco e viu que Maria estava com os olhos amarelos com o meio vermelho e um ponto preto. Anita pensou que estava possuída. Maria tirou a roupa de Anita com violência e começou a fazer sexo oral nela. Anita quase se rendeu, mas depois de gritar, “Meu Deus, vou gozar”, ela abriu os olhos e viu tudo na visão de Maria, soltou um grito, então todos pararam, olharam direto para ela e, então, completamente nua, estendeu a mão para Anita e Ricardo disse:



  • Venha, pegue minha mão, se renda a nós.

  • Não, nunca... Quem ou o que são vocês?

  • Somos os desejos mais profundos das almas das pessoas, alguns nos dão o nome de demônios, gostamos desse nome, então, pegue minha mão, junte-se a nós.

  • O que está acontecendo com Maria?

  • Ela se juntará a nós, a alma dela está vindo para mim aos poucos, somente o corpo dela ficará aqui, coberto de desejos, e você pode ficar do mesmo jeito. Parece ruim, mas não é.

  • Eu gosto da minha alma onde ela está.



Anita se ajoelhou e começou a rezar, então os demônios e Maria começaram a dançar, mas Anita não se rendeu, eles abriram os braços dela, mas continou a pedir pela alma da amiga, antão chicotes começaram a açoitá-la, mas mesmo assim ela não se rendeu, quando finalmente ela abriu os olhos, os olhos dela estavam brancos, então os demônios menores se afastaram, ela chegou perto de Ricardo o abraçou, deu-lhe um beijo e disse, “Eu te liberto espírito maligno, vá em paz”, depois disso houve um grande silêncio, um a um os demônios foram desaparecendo, quando chegou a vez de Ricardo, ele deu um berro e começou a pegar fogo, Anita caiu par trás, e viu aterrorizada a tudo, os gritos nunca sairão de sua cabeça, quando tudo acabou ela se virou e viu a amiga nua caída longe dela, quando chegou perto, Maria disse:



  • Obrigada, amiga, você me salvou, mas é tarde demais para mim.

  • Não... Não é, vamos para casa e esquecer tudo isso.

  • Estou morrendo, eu sinto, eu te amo, tente vencer na vida, nunca se entregue...



Dito isso, Maria começou a se dissolver como se fosse cinzas, e então um vento forte a soprou para longe, deixando Anita sozinha em um teatro escuro e abandonado. Quando ela se levantou, viu que tinha uma câmera filmando tudo. Ela pegou a câmera e levou para casa. Quando chegou em casa, viu a fita e só revelava Maria dançando e cantando em um teatro escuro. Então, chorando, ela destruiu a fita e a câmera e nunca mais tocou no assunto. No trabalho, ela disse que Maria teve que voltar para sua cidade natal. Anita fez um curso noturno e se formou em advocacia, e se tornou uma advogada famosa, mudou de vida como havia prometido para Maria. Às vezes, tarde da noite, Anita sentia que havia alguém observando-a dormir. Uma vez, conversou com as sombras e achou que ouvira a voz de Maria, mas como tinha passado por uma experiência terrível, quando as sombras respondiam, ela rezava e a voz desaparecia...


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